Soneto da Maior Saudade

Mas que contemplar insana vaidade

Riqueza, arte pura do semblante

É ter-lhe em minhas mãos completa divindade

Com o prazer e o olhar dardejante

 

Aéreo, na palidez do tempo e do espaço,

Sou e vivo a fitar desmedida graça

Que não se escapa muito menos se disfarça

Na plenitude do meu dia escasso

 

Não há dia que eu não peça

Que faças parte de um paraíso, nume

Algo de valor que ao meu sangue cessa

 

E enquanto longe estiver teu olhar que doura

Dói-me a ausência do imortal lume

Na clausura que vivo, dor imorredoura.

 

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