Vida Severina (Mulher Atropelada)

Uma mulher atropelada 
Na avenida movimentada
Como uma vira-lata...
Ficou lá, estirada!...
Uma mulher. Atropelada. 
No anonimato. No nada... 
Duas horas e nada!
Carne morta na esquina!
Avenida movimentada...
Mais uma vida severina
Que nunca mais será lembrada. 
Empregada doméstica;
Ela estava grávida...
Ah! É claro que ela morreu. 
Ela continuou sendo atropelada...
Ninguém parou
Ninguém fez nada. 
Sem censuras 
Mais de três horas e nada!
Quatro horas e nada...
Na nossa cercadura
As classes já foram instaladas. 
Ah, e é claro que ela morreu.
Morreu quando nasceu. Coitada...
Como é triste... Como dói
O anonimato de uma vida apagada.
 
18 . 08 . 2014
 
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