Vontades ou Ócios

É raro ter força de vontade
No cumprimento de minhas metas,
Nunca tive a pró-actividade
Nem a austeridade dos ascetas.

Mas que bom é, que bem sabe
Fazer o jeito aos caprichos,
Ob'decer cego à vontade,
No néscio jeito de bichos!

Ter que levantar da cama
Sem vontade de fazer nada
E o ocioso leito chama:
"Fica um pouco mais deitada!"

Ai! o prazer que o corpo sofre
Ao deixar estar entre os lençóis...
Deixa estar o dever no cofre
Qu'eu cá estou entre sete sóis!

Bom que é subverter a razão,
Esquecê-la completamente,
Dar primazia à sensação,
Ao prazer que a carne sente!

...

Mas deixemo-nos de brincadeiras...
O que é afinal ter força de vontade
Se as minhas vontades têm tanta força
Que raramente as consigo domar com a razão?

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