Pensamento

O conhecimento da morte

Mas afinal o que é a morte?

Um anjo caído do céu que precisa de forças para voltar a casa?

Uma volta ao mundo sem asas para cortar a respiração?

Uma ferida aberta com sangue inocente nas mãos de uma automutilação?

Da morte não tenho medo,

O que me assusta

É a falta de conhecimento que temos dela…

COMENTÁRIO

 

 

 

Mosaico, de Fernando Antônio Fonseca

 

-by Hilda Cúrcio

 

Poeta Fernando Antônio, ficou bem claro por que foi vencedor deste prêmio — seu mosaico de metáforas é lindo, você se supera a cada vez. E antes, “Para partir o dia”, “o dia em que cheguei para partir/(...) chorei/(...) implorei para partir”, “(...) pois só se chora uma vez assim”, já que “(...) amar é ser desarmado”.

Permanente

Permanentemente a mente mentem

Mentiras permanentes na evidência

Eventual da constante sobrevivência

da humana condição já demente.

 

A mente sabe desmentir à cara podre

a pobreza de raciocínio lógico

abafado pelo eco longínquo

do despertar para combater a hipocrisia

dos cruzadores de braços perpétuos.

 

Caímos na desgraça tão engraçada

de dar graças a seres invisíveis

graças à imaginação exagerada

de um idealismo de seres sensíveis

que tem poderes de cura para a felicidade

PRESSUPOSTO

 

 

 

estou aqui?

ou no contorno da esquina

-da vida?

alternando o silêncio

com  sussurros agudos

entre o ser e o nada

e a (in)consciência disso

consta no feitiço/viço

que me levou a pensar

-que penso o que inteiramente

não existiria de per-si

se meus pensamentos fossem apenas

uma resolução própria/única

de autoconhecimento cognitivo

descobrindo que nada sou

embora seja inteiramente tudo

para o outro:

pressuposto de que não exista

Ainda há tempo

Temos tantos sentimentos
Tantas coisas a serem ditas
Tantos puros lamentos
E situações malditas
Esquece nosso interior
Aos olhos do outro
Na vertigem do abismo
Apagam nosso fogo
Puxe mais um trago
Enquanto dê sumiço
Reze ao sacro, ao
Fugir do compromisso
As lágrimas ignoradas
Cedo ou tarde voltará
Entenda teu inconsciente
Pois, um dia, sucumbirá

ESFORÇO INÚTIL?

 

 

 

todos corremos contra o tempo

contra o fluir do vento

ou -a contratempo-

construímos com areia e cimento

fortalezas dispersas

que semeamos em solo débil

 

todos desarmamos ciladas

derramamos escadas

que não escalamos

e –solenemente-

aguardamos que bons tempos

nos tragam presságios de colheita fértil

 

DOUBLE TALK

 

 

 

 

                                   Fernando Antônio Fonseca

 

 

        Palavras dúbias, fluentes, fluídicas, espontâneas, não-mecaniza-

das, são traduzidas por signos diretamente  associados (relacionados)

por uma consciência crítica individualizada, no ato de sua leitura.

        Reverberações, ressonâncias, ecos, distorções verbais, neologis-

mos, recursos gráficos-espaciais, estrutura, etc...são qualitativa e / ou

quantitativamente incompreendidas ou identificadas pelo leitor com

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