Entrevista do mês de Julho de 2015: Paula Correia

Quem é a Paula Correia?
Não sei. Estou a aprender a conhecê-la um pouco mais todos os dias.



O que é para si a Poesia e qual a importância que a mesma tem na sua vida?



A poesia é uma questão de sentidos a correr num caudal de palavras. Um rabiscar de páginas onde a tinta naufraga na emergência branca do papel. É a possibilidade de provocar “maresias indiscretas” que invadem pormenores da substancia do não dito. É respirar a liberdade de inverter a ordem das coisas, representando-as em outras margens de possibilidades. Um desafio que permite ensaiar vários caminhos, brincar com significados e baralhar conceitos estabelecidos. É, nesse sentido, a forma de transgressão mais genuína e límpida que conheço. A poesia é, por isso, a vida no seu estado mais puro.


O que sentiu ao ver a sua obra publicada?
Foi perder o controlo do que foi escrito. É sal que se aloja noutros poros, noutras peles.  São outras vidas, outras formas do poema.

Que outras formas de arte a atraem?

Todas as formas de arte me atraem porque todas elas têm em comum a liberdade enquanto processo criativo. Destaco porém a Fotografia, sobretudo os trabalhos de Sebastião Salgado e David Lachapelle; O Design, especialmente de cadeiras, a peça mais sensual e depurada que conheço. Admiro, nesse campo, os trabalhos de Charles & Ray Eames e de Verner Panton; O Cinema, de onde destaco o Neorealismo Italiano (Rossellini ou Vittorio de Sica) e a Nouvelle Vague francesa dos anos 60 (François Trufaut ou Alain Resnais).  E claro que não posso esquecer a Música, a vida sem ela não tem graça. Gosto de quase todos os tipos, mas em particular, do Jazz (dos clássicos Miles Davis e Billie Holiday, às contemporaneas Melody Gardot e Nina Simone) e a Música Brasileira (Tom Jobim, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte ou Carlinhos Brown).

Deixe-nos uma sugestão para o Poesia fã clube...
Mergulhar na poesia criando escala poética numa interação permanente com os autores.



 

OBRAS MARCANTES: “O Livro de Desassossego”, Fernando Pessoa;  “O Medo”, Al Berto; toda a obra poética de Eugénio de Andrade; “As Flores do Mal”, Baudelaire; “Sinais de Fogo” , Jorge de Sena; “Ensaio sobre a Lucidez” , José Saramago, “As Ondas”, Virginia Woolf e “O Segundo Sexo”, Simone Beauvoir.


FONTE DE INSPIRAÇÃO: O Mar

FILME PREFERIDO: “Os Pássaros” (1963), Alfred Hitchcock’s

CANÇÃO PREFERIDA: “Solitude” (1934), Billie Holiday

JANTAR PERFEITO: No Cabo Sardão, Litoral Alentejano sob um céu de gaivotas a planar nos tons rosa alaranjados do entardecer.