À jardineira solitária

Minhas terras estavam secas
Não havia broto de alegria.
Não chovia sequer um dia,
Pelo contrário, secava ópio.

 

Esperei nas raízes da seiva
Algumas gotas de carinho
Esperei tanto que morri,
Mas renasci co'meu docinho.

O amargo dos meus lábios
Ressecados por tristeza
Agora banhados na nereida,
Da terra ao mar por tua beleza.

Disseram-me haver nove musas
Eu, tolo, pus minha fé:
Mal sabia ter ao lado, Vós
A décima deusa em pé.

Rainha do jardim, do corpo
Quero regar teus vestidos,
Vestir tuas rosas e enterrar
A mim uma vida de martírio.

 

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