AGUA VIVA

Como água viva de Lispector
Chaga de luz telúrica...
"Confesso que vivi"
E entre as ondas oscilantes
Vívidas pela límpida clareza
Dos teus claros olhos pensamento
Água viva em flor serei.

Se medusa queimo a todos
Agora verdadeira água-viva
Com toda ardência de minha
Perfeição maligna intacta
Me protejo antes de confessar
Meus segredos indeléveis.

Segredos que na arrebentação
Das fictícias praias comerciais
Da urbe carioca delirante
Se abrem no ocaso como Pandora
Onde água-viva sulfídrica
E dilacerada empalideço
Pelo teu esquecer.

Teus lindos olhos lince
De Neruda luz esperança
Me deixaram em carne viva
E viva água-viva cnidária estou
Sepultada pelo relógio cartier
Do tempo mar: saudade.

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