De um sono perene

É o sonífero impedindo
a plenitude do arcanjo
no prado do silêncio.
Deixando tudo lento
feito verborragias
em diálogos póstumos.

Vasto campo de paz
e terra, espaço ilimitado
só para ele, mas pressente
uma vicissitude.
O vindouro inverno petulante
em seus órgãos.

‘’O pior está por vir’’
pensa ele; funestamente
concebeu: suas asas caíram.
Não para de sangrar, muito
menos chorar.
Uma pedra cai direto no olho.
Cega-o instantaneamente.

Tempestade brusca se inicia,
De ácido deleita sobre sua pele.
Seu corpo desenhado no belo
torna-se um fragmento do
inferno.

Se pergunta porquê da desgraça,
como Jó se pronunciou:
‘’Porque aquilo que temia me sobreveio;
e o que receava me aconteceu.’’
O anjo não entende, mas sofreu.
Foi do perfeito ao horrível em instantes.

Desse pesadelo ele não pode acordar
muito menos exaltar ao seu pai.
Uma espécie de paralisia do sono,
mas na quimera do mundo real.
Anjo das pragas, sua história
no pergaminho do destino imortal.

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