DUETO - SENHORA DO LAGO - João Murty/Fernanda Mesquita

DUETO: João Murty/Fernanda Mesquita

SENHORA DO LAGO

Donde vieste tu senhora do lago, ardente, vibrante audaciosa?
Envolta nos mistérios das brumas, que esconderam tanta beleza
Que ilha de aromas e encantos te conservaram tão airosa
De que reino e de que história são as insígnias da tua nobreza.

De que tempos, de que séculos, te trouxeram a nós doce rainha
Embalada por harpas pressagias e pelo troar das trombetas
Que horas profundas, lentas e caladas, teve senhora minha
Que não ouvistes os cânticos sacros que te cantaram monges poetas.

Quem te prendeu nesse lago, de marés nostálgicas e de mágoas
Que neblinas de feitiçarias te deixaram no tempo adormecida
Esquecida de ti, eremita de clausura, nesse sono Elfo sem vida.

Já não és mais cativa, a doce magia da luz te desfolha nessas águas
Decantas um casto sorriso, rasgando a bruma que no ar ascende
Teus olhos de luz irradiam a pureza do azul que o céu resplende.

João Murty
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Alguém calou o eco da minha voz, deixou-o apagado,
Sufocando-o de lágrimas, frio, rude e indiferente...
Por um tempo vivi sem entusiasmo, como um ser cansado,
Convicta de que não voltaria a viver novamente.

De que tempos, de que linhagem eu descendo, não sei...
Sei que vivem dentro de mim as harpas da poesia, descritas
Em cada verso dos poetas, onde em tantas leituras me desnudei,
Renovando-me em cada cântico nas horas aflitas.

Aprendi que a felicidade nunca reina por inteiro
Não importa, antes de amar a minha dor, amarei primeiro
Os dias que me foram dados para viver e então,

Sem esquecer que a felicidade de saber sorrir é ter,
Diante da adversidade, a certeza de querer vencer
O lago de marés nostálgicas que nos atira à solidão.

Fernanda R. Mesquita

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Vivi por uns tempos num lago de marés de aflição
Irrequieta, insatisfeita contra os erros da humanidade...
Tentei emancipar-me do que me liga à tradição,
Soterrada no silêncio, procurando a verdade.

Lá em baixo, lutei contra mim mesma, sem entender,
A obrigatória obediência aos costumes, que destrói
A minha índole romântica que teima em não morrer,
Que me emotiva, me fascina e ao mesmo tempo tanto dói.

Que confuso tropel de sentimentos, que insano...
Entre a beleza da vida e o som crítico feroz humano,
Salvou-me do fanatismo moral, fez-me mulher completa;

Aceitar o meu íntimo, porque na verdade,
Entre a maior felicidade e a mais profunda infelicidade
Vive a natureza cantando os versos puros do poeta!

Fernanda R. Mesquita

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Comentários

É lindo demais! Queremos mais!

Parabéns!

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