O meu Irmão Gonçalo

Meu Irmão Gonçalo

Quando eras pequeno eu e as tuas irmãs lutávamos para te ter ao colo e para te dar beijos e abraços, tal era a vontade de te termos só para nós.

Lembro-me das tuas matreirices e invenções: dos ovos que voavam pela varanda do primeiro andar e iam parar à cabeça de quem passava no Jardim das Rosas, do gato que tentaste lavar na máquina de lavar roupa, dos computadores que desmontavas para ver como funcionavam e da tua vocação inata para as ciências exatas. Não foi por acaso que conseguiste entrar para o Instituto Superior Técnico com dezanove a matemática.

Mais tarde deixas-te crescer um lindo cabelo comprido e tinhas uma linda namorada, nessa altura nasceu em ti o fascínio pelas motas.

Tu e os teus amigos desmontavam as pequenas motas peça por peça com o objetivo de as tornar mais leves, rápidas e aerodinâmicas. Depois para as testar juntavam as mesadas e alugavam uma ou duas horas no Autódromo do Estoril.

Eu próprio testei essas máquinas voadoras na segunda circular para ver se pelo menos tinham travões…

Esses pequenos cavalos voadores japoneses vinham de fábrica a dar 90 quilómetros por hora e como por milagre passavam a dar mais de 140… Quem pagava as favas eram os segmentos, as juntas da cabeça, os pistons, os cilindros, que invariavelmente gripavam, e as carteiras dos Pais.

Voavas dentro da tua imaginação e vivias num mundo mágico que transformavas em máquinas inimagináveis para os meninos de hoje.

Invertes-te o tempo Gonçalo.

10:58

26/06/2018

MS

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