Para Sempre

Lembras-te daquele dia, Do passeio que demos devagar? Entre a chuva que caia, E numa carícia nascia o luar! Ainda lembro das vielas, Que os dois conhecemos, coitadas… Das janelas das vizinhas, Dos grafites nas fachadas. Não esqueci o que disseste, Quando acenavas a norte A foto que me deste O beijo roubado á sorte. De nós, saíram lágrimas do rosto, Seguimos sem demoras Enfrentamos o Agosto Em segundos, Em minutos, Em horas. Lá fora, não sabemos o que esperar Temos que aprender, temos que lutar Ninguém contou o que íamos enfrentar, Nenhum pintor, pintou este lugar! E fomos… A noite pesava, Nos passeios, os mendigos dormiam, O medo envolvia-nos, a alma gelava, As sombras, em si próprias, se escondiam. E ali tive medo… Senti o frio da brisa que invade minha ria. Sentei-te na proa deste barco tremendo, Abri as velas… Esperei que me desses o teu pensamento, Mas o teu silencio, O teu silencio… Dava-me medo. Lembras te daqueles dias, Em que tudo começou sem contar? Entre olhares, tu sorrias E num gesto, toda a música voltava a tocar. Bem me lembro daquelas notas, Da melodia embebedante dos acordes, Do barco que batia nos murais, Do vento que trazia o mar aos molhes. O relógio teima em não parar! A lua fosca e surda Lança sua luz sobre o mar. E nos ali, numa conversa muda Lá fora. O dia já nasceu E tu continuas de frente. Recolhes-te envergonhada e serena, Aconteceu… Amo-te hoje, Amanhã E para sempre…

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