Senta-te

SENTA-TE... A MEU LADO...

Anda... Senta-te
A meu lado...

Fala-me de quando a tua alma de menina
Não tinha ainda sido arranhada pelo tempo
Por gente que te não entendia
Näo via a dor que pingava dos teus olhos
Nem os silêncios que te amarravam o coraçäo

Fala-me de quando fugias
Por esses campos verdejantes
Para falésias errantes
Onde escondias a tua dor
E o vento te trazia o odor da maresia
E brincava com os teus cabelos

E as tuas lágrimas enchiam
Ainda mais esse mar
Onde espraiavas o olhar
Mas também te sufocava...

Fala-me de quando o teu mundo ruía
E... algumas pessoas partiam... com o vento...
E tu... Com esse nó na garganta
Que nem os sonhos desfaziam
E... Choravas em silêncios
Enquanto a tristeza te consumia
E te ia enegrecendo a alma

Fala-me de quando sonhavas
Em frente a esse mar imenso
Que parecia engolir tudo o que sentias
E... Tu só querias
Que esse mar te levasse
Para longe... Onde os teus sonhos
Te aguardavam

Fala-me dessa gente
Que te quis matar os sonhos
E te pisou o coraçao
Pela sua incapacidade de amar
Por os seus corações empedernidos
Lhes toldar a visão
Das emoções que trazias no olhar

Fala-me da tristeza
Das lágrimas
Da solidão
Dos mundos secretos
Que cresciam em ti...
Apaziguando a dor
E onde à noite te refugiavas
Porque já näo tinhas o mar...

Fala-me das bolas de sabão
Das flores... Do luar
Do toque quente do sol
Dos cheiros que agora o campo te trazia
Que se entranhavam em ti
Perfumes de paraísos esquecidos
Que só tu conhecias...

Não tenhas receio...
Nesses olhos agora marejados
De te espreitar a alma
E perceber o coração...

Anda... Senta-te
A meu lado
E fala-me de quando
Voltaste a ter alma de menina e...
Tornaste a sonhar...

*
Fotografia de ©Paulo Lemos

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