Prosa Poética

O Amor estremece o medo

O Amor estremece o medo

 

…busco a boca que anela o tempo, o tempo que rompe os lábios

bebendo o grito da saudade que esvazia o fundo em floresta de

nevoeiro. silenciar o espaço, extinguir os nervos, acorrentar o

sentir, vacilar no verbo fazer em querer.

…no amor vejo os glaciares e o medo estremece, e a luz derrete

a cor no olhar dos amantes sob real. vê se a queda da montanha

que arde no frio e o amor estremece o medo da morte na boca do

texto da Origem.

O Abraço

O Abraço

 

Em momentos de mágica,

canto-te outro texto em caligrafia poética de mim…

abraço que ata os corpos de pele nua

como  a raiz da terra,

aconchego em porto seguro,

onde querer-te é outro porto.

 

Abraço,

Cama de emoções que te cala e dita

as permutas de afagos de carência,

é mais do que um beijo,

gesto divino, poço onde

se caldeiam as emoções.

 

Tacto do sabor das emoções em

que todos confundem o Amor com a carência,

Tacto é a Origem,

O Desejo

O Desejo

 

O desejo é fábula e metáfora,

todas as bocas de mim são fábulas e metáforas,

água salgada em lagos doces,

planície desejante que talvez floresce em ferida aberta,

navegar verbo preciso em dois mundos

de dia e de noite, é Desejo,

alimentar as rosas em poema repetido, erótico, é Desejo,

regressar á boca e salivar as sílabas, é Desejo,

sangrar em papel branco de mim, é Desejo,

romper a veia da palavra e arder, é Desejo,

refazer a dúvida na certeza, é Desejo,

Jardim do Nunca

Jardim do Nunca

 

Estonteante Jardim do Nunca onde

eu em letargia de mim

grito cada verso que mordaça o íntimo.

 

Haverá sempre flores,

bocas, vogais que dormem e não calam,

novos símbolos a florescer em teu olhar,

ambos frágeis e cintilantes.

 

Jardim perdido em fogo,

arde sobre mim sobre ti em mim,

orvalho de cinzas em línguas de sílabas

flutuam desamparadas entre esquecer e falar.

 

Escrevo-me por paixões,

sopro em desespero vendavais internos,

O Tempo determinante

O Tempo determinante

 

Escondida nas muralhas do tempo

espero o tempo determinante

num determinado tempo.

 

Tempos que não voltam

são tempos esquecidos,

são tempos que o vazio recusa

e municia-se de tempo presente.

 

Este é o meu tempo,

o tempo que recuperei dos

vinte e dois anos que rompi.

Este é o meu tempo,

tempo que determina quem eu sou

e em que tempo estou.

 

Este é o tempo que determino,

o tempo determinante.

Ditados da Alma..

Ditados da Alma..

 

Poesia  que corre nas veias,

tinta de sangue poético

expelido pelos poros da pele,

letras dançantes ao ritmo cardíaco,

amantes do movimento imóvel da natureza das Sílabas.

 

Encontro-me no singular da noite,

esvazio-me no tempo e questiono-me no zero,

desfaço-me na árvore e desconexo a raiz

Onde o Desejo perde o nome.

 

Sofro a manhã,

sois de mim paralisam mares e glaciares,

cânticos novos fecundos em prados verdejantes,

Falésia do Amor

Falésia de Amor

 

Rasgo-me verso a verso,

subo até á boca da veia do texto sem regresso,

bebo-te o embebido tónico de Amor.

 

Agito-me na intensa argila húmida da Origem,

Lavro-me letra a letra sobre o teu corpo,

Faço e desfaço todo  o feitiço presenteado pela Lua.

 

A minha mente tende para o limite

em pele nua, onde tudo ferve sem vapor.

Rasgo outras linhas

e Amo um novo texto.

 

Parto para outro poema incerto,

por caminhos íngremes e frios,

O expoente das palavras

O expoente das palavras

 

Estou no meu expoente máximo das palavras,

desvendo o mistério

na densa atmosfera de paixão,

namoro  quem me namora o momento.

 

Escrevo para ti sobre ti,

revelações da lua que soltam os pássaros

que nascem no deserto quente.

 

 

Escrevo de mim sobre mim,

o fogo que arde em chama,

nas sílabas de tacto,

na mão que agarra o instante

e um novo mundo fecunda.

 

Promessa que rasga o texto

de Amar – te é a verdade

A Porta da Verdade

A Porta da Verdade

 

Esta é a porta que arde para ti

na espera, na verdade da

chave que abre a porta nua.

 

Sou a porta aberta que nunca dorme,

escrevo na página aberta do livro

para não sentir a tua ausência.

 

Rios, glaciares

abrem as portas à vida,

tocarás o fundo em simetria de mim,

novos mundos se abrirão em procura

do principio da origem.

 

Entra a verdade e

sai a realidade

de ter-te  na minha morada.

 

Calçadas pisadas,

A Cama

A Cama

 

Cama nómada que colhe os ventos das estações,

a espiral do amor sequioso,

o fogo fragmentado das nascentes de mim,

o respiro ardente e abrupto dos Amores,

em lençóis de pele nua.

 

Bebo-te o desejo frágil em sílabas de carícia,

tu és o meu texto das palavras perdidas,

tu és a página principal do meu livro,

tu és o corpo em espaço vazio,

tu és a essência da existência,

 a fonte da caligrafia do tacto.

 

 

Leito  de pele onde repousa o feminino,

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