Saudade

VISIONÁRIA NÉVOA

aguardar com anseio
o encontro com ela
a substância
a aparência
a desconfiança dela
inscrita nos móveis descansados
subentendida em meras pistas
códigos e rastros
a moderar a ausência dela
singela pronúncia
que perpassa a atmosfera
da manhã seguinte
com toques de translúcida presença
presença dela
insinuada em névoas recentes
neste imaginário (?) vislumbre
vislumbre dela...

Mãe

Os ombros dessa velhinha

Onde ficaram sequelas

Fazem-na triste e curvada,

Com o peso que hoje suporta!

Porque está então sozinha

No parapeito da janela,

Na varanda ou na sacada,

Ou na soleira da porta?

Animem essa velhinha!

Por favor, vão ter com ela

Abracem-na! Não digam nada,

Mas façam-na sentir que importa!

 

Infância

Garotinho regou a alegria inebrie,
Afagava seu tronco em seu brincar,
O lavro do cultivo, o fértil desabrochar.
Da terra pura frutou sua ávida febre.

Febre essa que queima sua inquietude,
Quando os feixes luzentes do sol
Dão combustão ao velho farol,
girando seu mundo na erma virtude.

Seu sorriso intuía o ato mais perene
Do mais querido, a inocência tão bela
Seu oceano era uma besteira singela,
Quando chorava ainda ficava tão serene.

Saudade

Saudade que bem conheço
Saudade é cartaz de filme antigo
Filme feliz que sempre careço
Distância é inimiga inóspita
Filme triste que faz sofrer
Fica a querer no coração
Ser adereço
Amores remotos por onde ficaram ?
O grande amor que eu mereço
Saudade tem cor sem vida
Peçonha de morte lenta
E asas doentes , que pássaro lamenta
Não poder
Ao infinito do paraíso
Mais belo chegar

Saudade

Saudade vem de longe
Bem distante
A qualquer instante .
Quero ser feliz
Mas não posso ,
Pois estás longe
E bem distante .
Quero recordar o amor novamente
e nunca chorar.
Vou com toda má distancia,
O teu abraço encontrar .
Saudade nos maltrata
E nos mata de tanto esperar .
Saudade é uma barreira
Que,a qualquer instante ,
Pode encurtar
Uma ponte do amor para aliviar .
Saudade é o começo
Da última despedida ,
De olhares tristes
Do último beijo.

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