Pensamento

Alma de Poeta?

Gostava de ser das palavras atleta
correr, correr, correr com os olhos fixos na meta
trazer comigo a palavra completa.

gostava de ter alma de poeta
ser capaz de combinar uma palavra correcta
com uma palavra incompleta
e ver nascer uma frase irrequieta.

isso sim era ter alma de poeta
mas a minha alma é analfabeta
tenho mais alma de... anti poeta
porque a palavra sai demasiado discreta
demasiado... circunspecta
sem conseguir ser indiscreta!

Sou poeta, sonhador.

Sou poeta,
sonhador.
Não tenho qualquer meta,
vivo evitando a dor.

O que me completa
é ver as abelhas de flor em flor.
Saber que por mais que a vida seja incompleta,
ela vai seguir, seja como for.

Não há morte,
catástrofe, recaída,
azar ou falta de sorte
que acabe com a vida.

Pelo menos, com toda a vida.
É isto que verdadeiramente interessa:
Fazer da vida uma missão cumprida,
mesmo quando ela nos arremessa.

5x5

Paz? Vem comigo

dizendo não à guerra.

Através dela, consigo

ajudar quem erra.

 

Tentando viver,

sem tentar, vou.

Porque, sem me fazer,

não sou.

 

Sorrir completa,

ajuda-me a ajudar.

É o que acarreta

o imprescindível mudar:

 

Mudança...

Sem pensar,

Quando se for a esperança,

penso que poderia mudar.
 

Mas em mudar

Vai imenso.

Sem desistir, forço o tentar.

Eu sorrio e, de novo, penso...

 

E, mais uma vez,

Vida

Entrementes, descontentes

Sorrisos falsos desabrocham em rostos vazios

Desconfiados, das verdades absolutas.

Letras mornas

Desatinam sentimentos tolos

As palavras não expressam

O que deveras emana do coração.

 

A vida não pode ser dita.

Maculada pelas palavras

Sem nexo e sem cor

A vida é sentida

Ouvida

Amada.

 

Há lacunas a serem preenchidas

Há desejos a serem realizados

Há amores a serem concretizados

há lágrimas que correm de olhos nus

TEMPESTADE

Ruge o céu todo em bravura!
- Este negro patamar
Em sinistra sepultura
Vai guardando a azul candura,
Em o ocaso arremedar.

Recolhida a luz brilhante
Que lançava o imperador,
Quem nos conduz ao instante
De arcar, assim petulante,
C`os trejeitos do labor!

Agora rasgam os seios
- tetos dos seres da terra –
Com seus macabros enleios
Os raios em devaneios,
Como os gládios numa guerra!

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