Prosa Poética

Permissão

Eu não sou mais aquele. Até quando tento me ver pelos olhos alheios, não consigo me reconhecer. As tardes antes tão modorrentas continuam arrastadas, mas não as sigo mais. Aprendi a apreciar antes de querer. Enquanto puder contemplar tudo aquilo pelo que tiver que passar, tudo será bem-vindo. Eu assisto a mim mesmo caindo nas mesmas artimanhas antigas, sabendo que passarei por tudo de novo, as mesmas paixões e o mesmo destino, e tem uma parte de mim, bem escondida, que se diverte com a repetição, em saber e deixar acontecer.

Prelúdio em ti

Ando só pelas tuas ruas desertas
 
sustendo-me frágil
 
na mesma voz que me acalenta
 
de iguarias adocicadas de amor
 
quando
 
pernoitas lúcida encastrada
 
entre meus sonhos vagos
 
despindo o corpo ao luar pranteando
 
porque me deixas atordoado
 
pelo súbito devaneio
 
em correrias e desejos 
 

O ARDINA

O ARDINA
 
ACORDO DE MANHÃ ESTREMUNHADO
COMO SE DE UM SONHO TIVESSE ACORDADO
ABRI A JANELA PARA A LUZ ENTRAR 
PARA QUE PUDESSE A MENTE CLAREAR 
E VER A VIDA A PASSAR MESMO MESMO 
À MINHA FRENTE.
E DE REPENTE OIÇO UM SON
COMO SE VIESSE NO OUTRO MUNDO
QUE ME TRANSPORTOU PARA O PASSADO
BEM PRESENTE
ERA UM ARDINA COMO ANTIGAMENTE
APREGOANDO AS NOTICIAS
OLHA AS FREQUINHAS DO DIA

AS MINHAS FLORES DE PAPEL

AS MINHAS FLORES DE PAPEL
 
SANTEI-ME NUM BANCO DO JARDIM
VER O TEMPO PASSAR,
E SEM O MEU SENTIDO O QUERER,
PEGO NUMA FOLHA DE PAPEL,
E COM TODO O JEITINHO, DELICADEZA
ME POS A DOBRAR,
DOBREI EM DEZ, VINTE E PERDILHE O CONTO,
DE NUMERAR PORQUE EU SÓ QUERIA 
VER O TEMPO PASSAR.
E QUANDO CANSEI, 
TINHA UMA LINDA FLOR DE PAPEL,
E POR SINAL BRANCA, 
COMO UMA ROSA,

Pages