Surrealista

O Relato De Um Gigante

(Oi, sou um gigante que morreu há algum tempo.
Meu ferro não serve mais para essa humanidade, por isso vasculhei uma muito próxima...
Oi, sou um flutuante que atuou bem. Nessa galáxia o homem agarra o problema e morre 
Morre como eu morri. Com ferro para contar com fogo.)
 
...
 
O gigante morreu de ferro sobre latas e entulhos
Onde cairam as suas tripas de metal frente ao arqui-inimigo.
Seu olho escorrido sem sal, no espectro do vidro manchado escorrido...

Cinco sentidos no pensamento de um morto

                                   Cinco sentidos no pensamento de um morto

 

 

 

Não sei de que morri

Sei que foi na Primavera

Sempre quis morrer na Primavera

Foi esse o meu último desejo

...talvez, por sonhar

em receber , flores ceifadas pela manhã

...de mórbida beleza , de vida fingida!!

E o abandono de uma coroa , murchando de saudade

 

Aqui me eis !!

Campa esquecida , de flor morta !!

 

Meus olhos murmuram

E os ciprestes ténuemente farfalham ,

Este tempo

No cimo da montanha do bem estar
o cavalo alado solta um olhar de distancia
no vale a manada sente-se segura
sob o cinza aguardado do luar.
De vez em quando o vulto tapa o sol
posiciona-se no pódio da concorrencia
e a gralha agita-se na rocha perto do ninho
sob as petalas caídas do girassol.
Os ventos frios sobem à boleia da escuridão!
subito arrepio de anseio no desembarque
partilha dos sofredores em silencio.
As patas agitadas produzem os sons do medo
em harmonia espezinham as almas do chão.

Ás portas do céu

Às portas do céu

 

 

 

Agora que morri...

E que choraste ...deixa-me ir...

e esquece o dia em que me encontraste

e agarraste a minha mão, calejada pela vida

a minha alma já não é alma...é apenas um suspiro

é apenas um sussurro, dito num silêncio absoluto

um silencio como quando dormes ...agora sem mim

E agora que cheguei ás portas do céu

Não encontrei nenhum rosto, dos que toda a vida recordei

São apenas desconhecidos, que inventei para não estar sozinho

Derradeiro

Num abraço de amor próprio subiu ao monte das recordaçoes
e no ultimo esforço transportou em si toda a sua vida
no fim da viagem perdida sentou-se na alma das emoções
encostou-se  à solidão  e viveu a angustia da despedida

inspirou devagar, saboreou o ar  e sentiu o cheiro dos antepassados
num gesto de caridade a brisa passou e saudou na despedida
sorriu em si, tombou o peso sobre os passos já dados
limpou os olhos e nas maos tomou o seu corpo de partida

(Mente.)

Mente.
Falsa a tua mente
somente
ignorada pela mentira
que se tornou a tua vida
sentira
sensivelmente
o momento da perda de consciência
demência mental
surreal
perda de memórias
com histórias por contar
perdidas em glórias passadas no tempo
Bloqueia o sentimento
revoltado por si mesmo
com sombra e cheiro diferentes do teu
mais vida encontras no teu reflexo

Opções

Sou da noite mais longa companheiro
procuro-me a decidir nas encruzilhadas
repenso nas decisões e sou batoteiro
escolho também as opçoes tomadas.

Voltar a escolher e viver de novo
recuar no tempo sem voltar atrás
viver sem optar por não ter motivo
voltar ao presente e ser como está.

" Lamento.. o Mundo"

“ Lamento o Mundo”

Fugi, insurgi, divaguei na minha ausência,

Aqui, depois ali, em lado algum, me conheci...

No invisível, que sonhei, fiquei na Alma onde surgi,

Roubei o tempo, e na vontade eu me escondi,

E ali no nada, éter na vida, danço com a morte,

Desnudo o corpo, sou divindade, sou transparência...

 

Ambiguidade, dualidade, intransigência,

parto

vozes que batem na porta fechada, ecos devolvidos.
lamurias repetidas gastas do usar ja farto
outros sons ganindo que se misturam nos ouvidos
da mulher que geme espremendo o parto.
Pariu a luz, a estrela maior que lhe aponta o caminho
bebeu nas aguas sujas e subiu a escada que foge do mal
deixou para trás o leito do homem que fala sozinho
levou pela mão a cria acorrentada no cordao umbical.
Levantou as saias, mijou de pé ao centro da terra
Gritou veneno, saiu da orbitra do olho castanho

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