Surrealista

Teimosia

Se me permitirem um ultimo desejo
quando a minha hora chegar,
considerando tudo o que vejo
eu peço querer já cá não estar!
Trocar as voltas à morte,
e vence-la na antecipação
abusar da minha sorte
e morrer, antes da finação!!!

insolencia

Insolencia

A poucas horas da esperança um sorriso passou  e tocou o vento
Outras almas curvaram-se e expetantes aguardaram o veredito
Ninguém ousou, até então desafiar assim, diretamente o tempo
Todos tinham medo do presente. O medo do eterno maldito

Que sorriso maluco, estrangulou a expetativa, deu a sentença
As outras horas fugiram para o túnel do passado de sentido único
Dos céus desceram raios, vieram ajudar em tamanha insolencia
das bocas os sorrisos se esconderam deixando para trás o louco

Arthur Santos (1951-2552)

Arthur Santos (1951-2552)

Hoje resolvi morrer em 2552!
não. não foi uma decisão
de ocasião.
foi maduramente pensada
e não foi à sorte.
sempre achei uma maçada
não saber a data da morte
e decidi deixá-la já marcada.

nasci em 1951 e ainda pensei:
já sei!
será em 2451 um número redondo.
morrerei sem grande estrondo
nem alarido,
500 anos depois de ter nascido!

Interpretação

INTERPRETAÇÃO

Nesse quadro de Dali, de cores vivas e ilusões
De flores sobre tumbas e de figuras de enredo
Num surrealismo perfeito marcado por distorções
Estão paisagem de mil braços, que abraçam o segredo.

Na água turva da intuição, tu vês o que ele via
Lábios rubros brilhantes e olhares de ternura
Por entre os gestos do mundo, tu sentes o que ele sentia
Num pecado suplicado de um amor que não perdura.

Sigo um rasto de multiplicação.

Sigo um rasto
de multiplicação.
Sei que me arrasto,
mas não posso dizer que não.

O que sigo e a vida.
E, infelizmente,
existe apenas uma saída.
Por isso sigo em frente.

Independentemente,
de ser singular ou não.
Aprendi que errar acertadamente
nos trará a mais certa conclusão.

Por isso vou errando,
uma vez em cada personalidade.
Faço-me macho, dançando o tango,
coberto por uma capa de falsidade.

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