Prosa Poética

O céu chorou

Vacilei no dia
 
enquanto esperava
 
só amar-te em cada detalhe
 
aperfeiçoado em dádivas
 
que o corpo suplicante mordia
 
 
Embrenhei-me em ti
 
acossado exepcionalmente
 
ao mudo verso que penetra
 
provocante em tuas searas
 
padecidas
 
machucadas
 
que desta luz mortiça

Fascinação

Consolei-me em tuas
 
tardes enfeitadas
 
de sortidos afectos
 
escorrendo o tempo na ampulheta
 
onde demarcamos a cronologia
 
copiosa dos nossos insurrectos desejos
 
 
Contentei-me descrente
 
ante os desafios de começar
 
ou recomeçar
 
dividindo esperanças indiferentes
 
autenticando toda a promessa

Geyser, está lua cheia

Chegados e vestidos de preto, nós sentados em veludo vermelho a média luz com os dourados e pretos a reluzir à nossa frente. Ao mesmo tempo que pousei a minha mão sobre a tua, a música iniciou o seu rito. Rapidamente o espaço magicou e se transformou. Água e luz, a minha pele sentiu. Hmm.. Gelei, no momento em que o folgo do trompete se esvaziara. Tariituutariiitaa… Continuava.. talvez. Deixei de o ouvir.

Voltar a casa

E se perdêssemos brevemente
 
a noção das horas
 
onde nos unimos heróicos
 
confundindo nossas
 
travessuras embutidas
 
em actos míticos
 
de amor desatinado
 
frenético, isotérico
 
desfraldado em tempo
 
solitariamente paranóico
 
 
E se nós emprestássemos
 
ao mundo nosso oásis

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