Prosa Poética

E depois dos temporais

– Depende de nós
 
nunca deixar extinguir-se
 
essa luz indivisível
 
soberana,trajando impassível
 
a trilha nostálgica ,perdida na noite
 
onde curamos
 
nossos cansaços impassíveis
 
caudalosos,desmaiando inexoráveis
 
ante teus afagos,dispersos
 
plausíveis
 
postergados na boémia da noite
 

Comemorar a vida

– Fiquei deveras hoje
 
cativo ao sul da mesma manhã
 
onde nos embrenhámos solícitos
 
fraternos
 
compelidos na plena formosura
 
dedicada,recíproca
 
por tantas meditações acuradas
 
na génese esbelta onde pernoitámos
 
em promiscuidades cúmplices
 
maturadas pela tua meiguíce
 
 
– O que em mim predomina

Chamaste-me ?

– Transbordo cada vez mais em ti
 
pressinto em nós cada minuto trajado
 
de inspiração
 
– Farto-me de tuas delicadezas
 
onde arranjo cada manhã
 
uma fé assídua
 
flexível enroscada em alegrias
 
passadas
 
perdidas em tuas subtilezas
 
 
– Acredito cegamente
 
neste destino que nos consome
 

Ouvem-se os sinos da aldeia

Já cá está... mais um! Já cá está... mais um!... Já cá está... mais um!!!!
Ninguém deve cruzar as pernas enquanto o sino bate a funeral!
E neste compasso metálico, repetitivo que fere as entranhas, passos lentos transportam a urna à ultima morada. Logo atras a família, reino do preto, olhos postos no chão, revivem memórias com a força ainda capaz dos corpos fragilizados, gastos no acompanhamento ininterrupto ao morto, na tentativa vã de inverter o fim. Tentam, avidamente, absorver todas as recordações que desejam perpetuar.

Encantamento

Feri minha poesia
 
com overdoses extemporâneas
 
de desejos satisfeitos e insinuantes
 
egocêntricos
 
jubilando pelos teoremas
 
do tempo vadio
 
temperalmente tolerantes
 
nutrindo-te num sopro
 
de vida sempre mais possessivo
 
regenerado e tão expectante
 
 
Roguei ao teu sumido
 

Pages